Evaldo José Palatinsky usa toda a experiência que a formação em filosofia, teologia, jornalismo e gestão empresarial lhe proporcionou para dirigir uma escola para 900 crianças num campo de refugiados do Malaui, um dos países mais pobres da África.
Essa história começa em 2019, quando reencontrou uma ex-aluna, Clarissa Paz, membro da organização Fraternidade sem Fronteiras. Ela o convidou a conhecer o projeto da Escola Nação Ubuntu, no campo de refugiados Dzaleka, a cerca de 40 quilômetros da capital, Lilongwe – um pedaço de terra cedido pelo governo do Malaui em 1994, para que a ONU pudesse assentar os sobreviventes do massacre de Ruanda. O que era para ser uma medida provisória completou 30 anos e hoje vivem ali em torno de 55 mil pessoas.
Evaldo resolveu “suspender” suas atividades para passar dois meses no Malaui. Foi assim que embarcou, no começo de 2020, para a África, onde acabou ficando por seis meses. Apesar de ter tido a chance de voltar antes do fechamento total dos aeroportos, por causa da pandemia, decidiu permanecer. Em 2023, coordenou a primeira caravana pedagógica para a escola, levando voluntários de diferentes áreas para, como define, “somar e aprender”:
No fim do ano passado, surgiu o convite para ser diretor-geral da escola e, no primeiro semestre de 2024, Evaldo deu início aos preparativos para transformar a África num segundo lar. A Ubuntu, que abriu as portas com 200 alunos, hoje atende 900, de sete países e dez dialetos diferentes. A língua oficial é o inglês, mas as crianças são obrigadas a aprender chechewa, o idioma nacional, porque no oitavo ano é preciso fazer uma prova para ingressar no Ensino Médio – 50% dos estudantes não passam no exame. Querem implementar um currículo internacional, que dê às crianças alguma chance no futuro. Por enquanto, tem alunos até o quarto ano, mas quer ver a primeira turma chegar ao oitavo e prestar a prova para o Ensino Médio. No futuro, talvez possam pensar em ir para uma universidade no Canadá, no Reino Unido, na França.