Mulheres indígenas aprendem manutenção e garantem energia solar em casa.
Até um ano atrás, a artesã indígena Roseli Kumaruara, 38, da aldeia Solimões, em Santarém (PA), era uma entre muitos moradores da Amazônia sem acesso ininterrupto à energia elétrica. Ela contava com um gerador coletivo movido a óleo diesel que era ligado entre 19h e 22h para fornecer energia para as 57 famílias da comunidade.
Roseli descobriu um novo mundo ao adquirir um sistema de energia solar, e ela, o marido e os dois filhos passaram a contar com o recurso 24 horas por dia. O único problema era o medo de ter o serviço interrompido por falta de manutenção.
Ela participou do curso do projeto da ONG Saúde & Alegria e aprendeu a realizar limpeza, manutenção e regulação dos disparos no controlador.
A ONG Saúde & Alegria, que oferece o curso, atua na implementação de sistemas solares na região oeste do Pará desde 1999. Em 2015, as implementações foram intensificadas e, um ano depois, tiveram início os cursos de eletricistas do sol, mas, desde então, apenas três mulheres haviam feito parte desse grupo.
Desde 2015 até aqui, a Saúde & Alegria implementou 55 painéis solares para uso em residência, 48 para bombeamento de água, 4 em escolas, 14 pontos de acesso à internet, 18 em unidades básicas de saúde, em cinco empreendimentos e em uma unidade socioprodutiva.
Por isso, a iniciativa é tão importante. Enquanto fontes alternativas ao óleo diesel não forem estimuladas na região, a vida das famílias vai seguir dependendo de um dos combustíveis mais prejudiciais ao planeta.
Isso porque os combustíveis fósseis que produzem o óleo diesel, como o usado para na aldeia Solimões, estão entre os principais responsáveis pelos gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono e o metano, diretamente ligados ao avanço das mudanças climáticas.