Os mineiros estão de quatro por ela. Foi essa a intenção da curadora da exposição "La Maison de Clarice", no belíssimo prédio da Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte.
Clarice nasceu na Ucrânia, veio com dois anos para o Brasil. Aqui, virou nordestina, depois carioca. E nunca escondeu a “mineirice” que lhe pertencia. Era ucraniana, nordestina, carioca e mineira de coração.
Tudo começou com queijos, doces de leite e conversas com amigos que se transformaram fiéis escudeiros da escritora. Fernando Sabino, mineiro de “O Encontro Marcado”, tinha muitos encontros com Clarice. Uma ligação de belos horizontes entre os dois percorreu oceanos.
“Cartas Perto do Coração”, livro de cartas entre Fernando Sabino e Clarice Lispector é um dos mais belos livros já escritos e que evidencia a importância do escritor mineiro na vida de Clarice.
Guiomar de Grammont trouxe uma Clarice para perto dos mineiros e de todos nós que apreciamos bons queijos, doces de leite e textos profundos. A entrada já é um convite à beleza e à realeza. O cheiro das flores, que Clarice tanto gostava, exala nas entrelinhas.
Um casarão construído no ano em que Clarice nasceu, em 1920. Clarice está em casa na Academia Mineira de Letras. Ela reina. Papel, caneta, máquina de escrever. O mundo só pra ela. Para todos os mineiros e para quem se permitir adentrar no vasto mundo do autoconhecimento.
A exposição La Maison de Clarice é gratuita e está na sede da Academia Mineira de Letras, até o dia 14 de outubro.